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Dropshipping: Gestão da Cadeia Logística ou estratégia de negócio?

Saiba mais sobre Dropshipping

Dropshipping é uma técnica de gestão da cadeia logística com a qual o revendedor apresenta os produtos a seus clientes através de catálogo ou site.

Com ele não mantém os bens em estoque, envia os itens aos compradores apenas quando que completa o pedido de compra.

Assim, ele consegue solicitar e pagar (com desconto) o fornecedor, que fará o processo de embalagem e envio diretamente ao cliente.

Como qualquer negócio do segmento, os varejistas conseguem lucrar com a diferença entre o preço de atacado e varejo.

Em poucas palavras, podemos dizer que Dropshipping é vender um produto sem tê-lo em estoque e fazer com que o fornecedor entregue o produto diretamente ao consumidor.

Vamos voltar no tempo…

O Dropshipping passou a se tornar mais conhecido no e-commerce brasileiro principalmente na época dos sites de Compra Coletiva, onde vendedores colocavam uma determinada oferta no ar e, para que esta oferta se concretizasse, precisavam de um número mínimo de compradores. Uma vez atingido o número mínimo de compradores, os produtos eram adquiridos – muitas vezes em sites chineses – e enviados diretamente e sem escalas para os consumidores.

De fato, era uma excelente estratégia de negócio, mas apenas na teoria. Este tipo de operação era repleta de falhas e de péssimas intenções.

Explico: grande parte destes sites eram operados por pessoas físicas em busca de uma renda extra, na maioria dos casos os produtos não tinham garantia e eram enviados sem nota fiscal e, por fim, muitos destes produtos eram barrados pela Receita Federal e sobrava para o consumidor retirar a mercadoria e arcar com as altas taxas de importação.

Vale lembrar que estes sites de Compra Coletiva, além de omitirem telefones e e-mails de contato, não informavam sobre as eventuais taxas e os demorados prazos de entrega.

Consequentemente, com o grande número de reclamações no Reclame Aqui e no Procon, surgiu a primeira lista negra do e-commerce brasileiro, composta em sua maioria, por sites de Compra Coletiva.

Atualmente, se você fizer uma busca no Google sobre o termo Dropshipping, ainda vai encontrar alguns aventureiros falando sobre este método como algo milagroso, que fará você ganhar muito dinheiro e outros exageros.

Entretanto, cada vez mais o Dropshipping tem sido usado como estratégia de negócio para diversos e-commerces sérios e dado muito certo!

Em paralelo ao Dropshipping temos um outro método de gestão logística que também é muito utilizado por grandes e-commerces, o Crossdocking.

A diferença básica entre os dois métodos (ou estratégias) é que no Crossdocking, ao invés do produto ser enviado pelo fornecedor diretamente ao consumidor, ele é enviado para o vendedor, que por sua vez, enviará o produto para o consumidor.

A semelhança entre ambos é que nos dois casos o vendedor não mantém os bens em estoque.

É interessante frisar que alguns e-commerces chegam a usar os dois métodos simultaneamente.

Para alguns produtos o método é o Dropshipping e para outros produtos o método é o Crossdocking.

O Dropshipping como estratégias

Segundo um estudo da Forrester Research, cerca de 22% dos 4.5 milhões de vendedores B2B perderão seus empregos até 2020 nos Estados Unidos.

Em outros países o mesmo ocorrerá, talvez apenas em outras proporções.

Uma das razões para este grande número de demissões está sendo a entrada, cada vez mais constante, das Indústrias no e-commerce e, principalmente, a participação delas no varejo.

Como assim? Indústria no varejo? Isso mesmo! Eu explico…

Muitas indústrias, de diversos setores, estão sendo procuradas pelos sites de Comércio Eletrônico para serem suas parceiras de negócios, com a finalidade de reduzir e, em alguns casos, eliminar os diversos intermediadores presentes no processo, reduzindo assim o tempo de negociação e logística e, consequentemente, gerando economia de tempo e dinheiro.

Quem usa Dropshipping e/ou Crossdocking?

Mais do que uma forma de gestão logística, o Dropshhiping e o Crossdocking podem ser considerados como uma estratégia de negócio, uma vez que o gestor do e-commerce poderá definir que uma ou mais categorias de produtos serão geridas desta maneira.

Vamos usar como exemplo um caso real de uma aluna que passou pela ComSchool.

Ela possui uma loja de materiais de construção e produtos para casa. Entre as diversas categorias de produtos, existe a de “banheiras de hidromassagem”.

Este é um tipo de produto que possui várias características, por exemplo: é grande (ocupa muito espaço no estoque), é pesado, em alguns casos exige dimensões específicas e não faz parte da curva ABC do site, entre outras características.

Por estes motivos, ela fez um acordo com seu fornecedor e o produto passou a ser entregue diretamente por ele.

Além do site desta aluna, são muitos os sites que usam o Dropshipping ou Crossdocking como estratégia de negócio e de gestão logística.


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Casos reais

Um dos pioneiros do Dropshipping no Brasil é a Squid Fácil. Esta empresa nasceu para ser uma solução de um problema enfrentado pelo seu dono, que na época era dono de um e-commerce de calçados e recebia os dados do estoque do seu fornecedor em uma planilha de Excel.

Entretanto, esta mesma planilha era enviada para outros e-commerces e a consequência foi a constante quebra de estoque.

A solução encontrada foi criar uma ferramenta onde diversos fornecedores pudessem se conectar e informar seus estoques, permitindo que vendedores vendessem estes produtos, de forma organizada e sem quebra de estoque.

A empresa que nasceu no quarto de uma residência, possui dezenas de grandes indústrias em seu portfólio e milhares de e-commerces vendendo seus produtos. E o mais importante: tudo através do Dropshipping!

Graças às iniciativas como o Squid Fácil, está surgindo uma nova categoria de varejista nos marketplaces: o vendedor que não tem nem cliente e nem produto!

Parece piada, mas é verdade. Ele não tem cliente, pois no marketplace, o cliente é do marketplace e ele não tem produto, pois o produto não foi comprado nem estocado previamente, ele é do fornecedor.

No Brasil, ainda não temos muitas empresas como a Squid Fácil, mas nos EUA e na Europa isso é muito comum e muita gente está ganhando dinheiro trabalhando desta maneira.

Entre as diversas empresas existentes no mercado, podemos citar a Wholesale2b, Oberlo e a Dropshipper que possui milhões de produtos, milhares de fornecedores e conexões integradas com diversas plataformas e marketplaces.

Voltando a casos brasileiros de sucesso, podemos citar o site E-Lare, um e-commerce de móveis e decoração que trabalha desta maneira.

Ele não possui nada em estoque. Todos os produtos vendidos no site são enviados ou via Crossdocking ou via Dropshipping.

Outro site de móveis e decoração que trabalha desta maneira é o Westwing.

Alguns grandes fornecedores também já estão adotando esta estratégia para oferecer seus produtos a diversos comerciantes virtuais. Entre eles podemos citar a Hayamax, Oderço e Aldo, entre muitos outros.

Vantagens e Desvantagens

O Dropshipping de produtos importados, principalmente através de sites chineses, ainda é muito utilizado por empreenderes que estão iniciando no mundo do e-commerce, porém, esta é uma modalidade que exige extremo cuidado pelos seguintes motivos:

  1. Trata-se de um tipo de operação que possui uma margem de lucro menor e sujeita a flutuações do câmbio, uma vez que você vende, mas paga seu fornecedor em dólar;

  2. Por não existir integração de estoque, o comerciante não tem controle on-line da disponibilidade dos produtos;

  3. Altas taxas de importação em tributos e encargos;

  4. Por se tratar de produtos importados, os longos prazos de entrega geram baixa atratividade de consumidores;

  5. E, por fim, se o seu cliente desistir da compra, o prejuízo será seu, uma vez que a logística reversa com seus fornecedores inviabilizaria a troca do produto.

Benefícios para todo mundo

Porém, não é só de desvantagens que vive o mundo do Dropshipping. Existem muitos benefícios para quem vende e para quem fornece. Vejamos:

Varejista

  1. Não requer grandes investimentos iniciais, uma vez que você não precisará comprar estoque e não terá que alugar um galpão (ou um grande galpão);

  2. Não há grandes preocupações com a gestão da logística e do estoque, porém, você terá que se preocupar se as entregas estão sendo realizadas corretamente;

  3. As informações do estoque e o catálogo de produtos são atualizados pelo fornecedor;

  4. Você recebe o valor da venda antes de pagar o seu fornecedor.

Fornecedor

  1. Conhecimento do público consumidor, dos seus desejos, de suas necessidades e hábitos de compra, podendo assim dimensionar e planejar sua produção de acordo com a demanda, além de poder planejar ações de marketing com mais assertividade;

  2. Continua realizando sua atividade habitual que é a distribuição, porém, agora também no varejo (granel);

  3. Uma vez transportando uma quantidade maior de mercadoria, aumenta também o seu poder de negociação com as empresas de transporte.

Algumas observações importantes

  1. É preciso sempre relembrar que um e-commerce não é um passatempo. Trata-se de uma atividade comercial como qualquer outra e, por isso, você deve trabalhar com seriedade e respeito às leis. Ou seja, você precisa ter um CNPJ, dar garantia, fornece Nota Fiscal, dar atendimento aos consumidores e respeitar todas as regras que envolvem este mercado.

  2. Recomendo fortemente que você não trabalhe com informações de estoque fornecidas através de arquivos de Excel. Procure sempre trabalhar com uma conexão direta com o seu fornecedor, preferencialmente através de um ERP.

Se você gostou deste assunto e quiser aprender todos os detalhes sobre este mercado, participe do meu curso na ComSchool.


**Gustavo Erlichman é professor na ComSchool e proprietário da GUS.digital, Consultoria especializada em E-commerce, Marketing Digital e Produtividade.

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